Parques tecnológicos alavancam investimentos em inovação
Ambiente de inovação que abriga, em um mesmo espaço, empresas de base tecnológica de um ou mais setores, universidades e instituições de pesquisa, os parques tecnológicos vêm aumentando em número no Brasil e no mundo em razão dos impactos econômicos positivos para as cidades e o país onde estão sediados.
"Os parques tecnológicos alavancam os recursos públicos iniciais alocados na construção desses empreendimentos ao gerar investimentos das empresas em centros de pesquisa e desenvolvimento, empregos qualificados e dinamizar a economia", explica Guilherme Ary Plonski, professor de economia da Universidade de São Paulo (USP).
O Porto Digital, por exemplo, - um polo de desenvolvimento de softwares e de economia criativa situado em Recife, que iniciou suas atividades com um investimento de R$ 33 milhões derivados da privatização de uma empresa do Estado de Pernambuco -, gerou ao longo de seus 15 anos de existência 7,5 mil empregos e as empresas sediadas no complexo faturam atualmente R$ 1 bilhão por ano.
Já as 40 empresas instaladas no parque tecnológico da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, criado pela universidade norte-americana em 1994, geram um faturamento de US$ 2,3 bilhões por ano e foram responsáveis pela criação de 6,5 mil postos de trabalho, com salário equivalente ao dobro da média do estado americano, exemplificou Plonski.
"As empresas precisam de ambientes de inovação para alavancar a competitividade mediante a cooperação com outras empresas, além de universidades e institutos de pesquisa. E um desses ambientes de inovação é um parque tecnológico", afirmou o especialista, que é conselheiro da International Association of Science Parks and Areas of Innovation (IASP).
Parques de primeira geração
De acordo com Plonski, os primeiros parques tecnológicos - chamados de primeira geração - foram criados especialmente nos Estados Unidos, entre as décadas de 1950 e 1960, por diferentes razões.
O Parque de Pesquisas Stanford, por exemplo, considerado o primeiro parque tecnológico do mundo, foi construído em 1951 a partir de uma decisão da Universidade de Stanford. A instituição passava por uma crise financeira e decidiu dar um uso econômico para alguns terrenos que a família Stanford deixou em testamento para usufruto da universidade.
"A reitoria da universidade começou a permitir, na época, que empresas fossem instaladas naqueles terrenos e percebeu que um conjunto importante dessas empresas era oriunda de São Francisco e intensivas em conhecimento", disse Plonski.
Já em 1959 foi construído o Parque de Pesquisas Triângulo, na Carolina do Norte, por iniciativa do governo do estado, situado no sul dos Estados Unidos. Antevendo que os três setores básicos da economia da Carolina do Norte na época - o fumageiro, o moveleiro e o têxtil - poderiam enfrentar crises econômicas em curto e médio prazo, o governo começou a estudar medidas para diversificar a economia do estado.
Para isso, viu que poderia contar com o apoio de três universidades existentes no estado americano - as universidades de Duke, Estadual da Carolina e Carolina do Norte em Chapel Hill -, localizadas a uma distância de cerca de 20 minutos uma da outra, que formam o "triângulo da pesquisa", como a região é conhecida.
"Hoje há 200 empresas instaladas no parque, que geram 50 mil postos de trabalho, boa parte qualificados", disse Plonski.
Parques tecnológicos no Brasil
No Brasil, segundo o professor, as primeiras propostas de criação de parques tecnológicos começaram a surgir no final da década de 1980 e ganharam maior força a partir de 2000, quando foram construídos os primeiros empreendimentos do gênero no país.
Atualmente, há 94 iniciativas de parques tecnológicos, das quais 24 estão em operação, disse Plonski: "Há uma grande concentração de parques tecnológicos nas regiões Sul e Sudeste do país, mas também há outros importantes fora dessas áreas."
No Estado de São Paulo existem hoje 28 iniciativas para implantação desses empreendimentos, sendo o Parque Tecnológico de São José dos Campos o primeiro a receber o status definitivo, reconhecido pelo Sistema Paulista de Parques Tecnológicos (SPTec). Desde então, outros cinco também receberam este título: Parque Tecnológico de Sorocaba, Parque Tecnológico de Ribeirão Preto, Parque Tecnológico de Piracicaba, Parque Tecnológico de Santos e Parque Tecnológico de São Carlos (ParqTec).
Hoje há 14 iniciativas com credenciamento provisório: Araçatuba, Barretos, Botucatu, Campinas (com cinco iniciativas: Polo de Pesquisa e Inovação da Unicamp, CPqD, CTI-TEC, Ciatec II e Techno Park), Parque Universidade Vale do Paraíba (Univap), Santo André, São Carlos EcoTecnológico, São José do Rio Preto e São Paulo (duas iniciativas: Jaguaré e Zona Leste).
Fonte: Inovação e Tecnologia